Entrevista Psicanalista Edinê Seabra

A Escrita e Psicanálise entre os desafios e Harmonias.

Que função a escrita pode cumprir no processo analítico? A escrita serve na prática psicanalítica para registrar o impossível na linguagem? 

 

O processo da escrita é um movimento que incondicionalmente provoca questões do inconsciente. Como a psicanálise pode contribuir na desafiadora travessia entre o processo da escrita e os desafios das resistências? É possível na clínica psicanalítica alcançar segurança suficiente para o sujeito escrever? É possível alcançar a compreensão dos fenômenos intrapsíquicos? Esse foi o tema da segunda edição do “I.C.P.B Entrevistas”.  A psicanalista Edinê Seabra, membro associada do Instituto Círculo Psicanalítico de Brasília (I.C.P.B), trouxe reflexões sobre o tema de sua pesquisa: “A Escrita e a Psicanálise entre os desafios e harmonias”.  

Para a Psicanalista Edinê Seabra, a escrita é um meio de expressão do inconsciente. Todas as experiências vividas são importantes para nos marcar como sujeito. As experiências estão ligadas aos sentimentos infantis e adultos que continuam a existir ao longo da nossa vida. A escrita é marcada por diversas ações do inconsciente, que, por sua vez, se manifestam de forma involuntária no texto produzido pelo sujeito. “O inconsciente se faz presente no momento da escrita nos protegendo através do nosso narcisismo da nossa incompletude quanto sujeito”, afirma Edinê.

O inconsciente é manifesto através dos medos e inseguranças e resistências. Sentimentos que revelam nossa incompletude e falta. Na escuta psicanalítica é possível alcançar um estado de harmonia pela compreensão dos fenômenos intrapsíquicos, destaca Edinê.

Existe harmonia entre a escrita e a psicanálise? “Ambas passam pelas nossas emoções, e por passar pelas nossas emoções acabam nos levando para lugares antes desconhecidos de cada um de nós”, destaca Edinê.

“ Tudo passa pela escrita...Uma fala é uma escrita, quando transcrevo para o papel é uma escrita também, quando eu desenho é uma escrita também. O tempo todo eu estou escrevendo”.

 

Qual a relação da escrita com o desamparo? “Todos somos seres faltantes, incompletos. Precisamos compreender que nunca alcançaremos a plenitude do que buscamos. Na revelação da escrita vamos nos deparando com as faltas. Mas o importante é saber lidar com nossas incompletudes”.

 

“Todo tipo de afeto que recebemos está diretamente relacionado com a nossa subjetividade. E toda forma de afeto que recebemos vai sendo escrita em nosso inconsciente. Na maioria das vezes esses registros aparecem como traumas”  

Para Edinê, alguns bloqueios na expressão da escrita aparecem quando somos muito críticos em relação a nós mesmos. Isso acontece quando não sabemos elaborar nossas dores, conflitos e angústias. No processo analítico temos a possibilidade de ter um novo olhar sobre os sintomas que surgem.

 

“Um farol! Assim comparo os escritos de Freud. Ele conseguia fazer uma leitura do que as pessoas em sua época não estavam conseguindo ver. Seus escritos até os dias de hoje trazem uma direção diante de uma sociedade que enfrenta seus desafios e problemáticas”, afirma Edinê.

Para Edinê, o processo terapêutico é uma travessia em direção ao autoconhecimento. Uma travessia cheia de desafios. A busca é pelo amadurecimento, um caminho que passa pela dor, angústia e medo.  Na maioria das vezes o medo é de enfrentar a realidade.

Que função a escrita pode cumprir no processo analítico? “Reconhecimento, desconhecimento e estranhamento estão presentes na clínica terapêutica”, explica Edinê. A escrita pode cumprir um papel de libertar as palavras dos pesos angustiantes e dos sentidos que damos a elas. É um novo olhar para um horizonte de possibilidades.

 

Assessoria de Imprensa

Instituto Círculo Psicanalítico de Brasília – I,C.P.B

Gabriela Scalon   

 

  

 

   

     

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