Entrevista Psicanalista Ádina Borges

 

Refletir sobre a situação de desamparo experimentado pelas mulheres no parto foi o tema de abertura da série de entrevistas com os Psicanalistas do Instituto Círculo Psicanalítico de Brasília (I.C.P.B). A psicanalista Ádina Borges, trouxe reflexões sobre as angústias que cercam a mulher na gestação

A mulher que se torna mãe passa por uma gama de sentimentos difusos em virtude de vivenciar uma fase de grandes transformações: no corpo, na vida social e na psique. O modo como cada uma experimentará esse período de transformação está diretamente relacionado à sua história pessoal prévia e ao contexto particular no qual a gravidez se insere, é o que afirma a Psicanalista Ádina Borges, vice-presidente do Instituto Círculo Psicanalítico de Brasília, I.C.P.B.

E qual o papel do psicanalista no acolhimento dessa mulher? Para Ádina, o papel do psicanalista é escutar o outro, ouvir seu sofrimento, acolher sua angústia, amparar seu desespero. É guiá-lo pelo seu desamparo. É acreditar que existe um sujeito do inconsciente que possui potencialidades integrativas. Existe um sujeito perdido em suas dores, mas que pode se beneficiar de uma escuta acolhedora. Na escuta psicanalítica a dor pode ser elaborada, afirma Àdina..

 

A mulher na gestação enfrenta desafios. Entre eles surgem o medo e a angústia ao enfrentar o risco de estar entrando em um espaço estranho, apavorante que desafia seus limites em sua flexibilidade em transitar em diferentes níveis em sua estrutura psíquica. Essa é uma realidade silenciosa e silenciada no mesmo instante em que há uma demanda social que coloca essa mulher para assumir uma postura de fortaleza aonde paira sobre ela o medo, a insegurança e a vulnerabilidade diante do desconhecido.

Para Ádina, o sofrimento psíquico que se instala pode também estar vinculado a fatos antecedentes ocorridos na vida dessa mulher. Experiências traumáticas não elaboradas podem acumular e desenvolver turbulências emocionais que vão se instalando de forma abrupta. O papel do psicanalista é proporcionar na clínica psicanalítica um ambiente que possibilite essa mulher dar sentido à sua vida e às vicissitudes de sua existência.

 

“A psicanalise é uma descoberta de amor”. Eu encontrei a psicanalise em um momento de dor. Eu recebi esse acolhimento e isso me transformou”. (Ádina Borges).

 

“Aquele que tem a oportunidade de fazer a terapia psicanalítica vai se perceber numa travessia de transformação e autodescoberta”. A terapia psicanalítica vai possibilitar que a pessoa olhe pra si apesar das suas experiências, afirma, Ádina. A escuta é caracterizada por um vínculo com o psicanalista em uma relação de confiança e acolhimento com o objetivo de organizar os desejos inconscientes pela elaboração das experiências traumáticas ou não.

 

Ádina destaca a importância dos processos de ressignificação da história de vida como parte dos efeitos gerados por uma análise. O percurso da análise cria condições privilegiadas para o movimento da elaboração na narrativa sobre a busca do olhar para si mesmo no processo de construção e desconstrução durante a análise que promovem mudanças estruturais no analisando. Por meio de um trabalho de constante busca de novos sentidos para a vida ou aspectos dela. No espaço analítico o analisando pode testemunhar sobre sua condição, promovendo mudança na posição subjetiva ocupada por ele, afirma Ádina.      

“Aquele que tem a oportunidade de fazer a terapia psicanalítica vai se perceber numa travessia de transformação e autodescoberta”.

Quando o sujeito chega para ser analisado ele é visto como pessoa que ele é, com a dor que ele tem independente do que alguém já tenha falado pra ele antes. Esse é o olhar para o outro. Um olhar diferente, olhar como pessoa singular que ele é e não com a dificuldade que ele tem. Um olhar com amor, afirma Ádina. 

 

Assessoria de Imprensa

Instituto Círculo Psicanalítico de Brasília – I.C.P.B

Gabriela Scalon

 

 

 

     

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