Ansiedade de performance ou FOMO: o sujeito que não pode parar

Vivemos em uma época em que “ser” não é suficiente — é preciso performar. A exigência de estar sempre disponível, produtivo, interessante e atualizado mergulha o sujeito em uma angústia constante. A ansiedade de performance e o FOMO (fear of missing out, ou medo de estar perdendo algo) não são apenas sintomas contemporâneos: são expressões do mal-estar na cultura, como já nos alertava Freud.

A ansiedade de performance nasce do imperativo de excelência que atravessa o sujeito desde cedo: é preciso ser o melhor profissional, o parceiro ideal, o corpo desejável, o ser constantemente feliz. Essa lógica se estrutura como um super-eu feroz, que não permite falhas, pausas ou cansaço — apenas resultados. A cobrança não vem apenas de fora: é introjetada, e o sujeito se torna seu próprio carcereiro.

Já o FOMO está intimamente ligado à lógica do desejo e da falta. Lacan nos ensina que o desejo é sempre desejo do outro — e nas redes sociais, o outro está sempre vivendo mais, viajando mais, amando mais, realizando mais. O medo de estar perdendo algo não é apenas o medo de não participar, mas o medo de não ser. A ausência se torna insuportável porque toca a falta estrutural do sujeito.

Na tentativa de preencher esse vazio, busca-se estar em todos os lugares, dizer sim a tudo, nunca desconectar. Mas o excesso de presença gera exaustão. A impossibilidade de escolher implica também a impossibilidade de desejar — pois o desejo só se sustenta na falta.

A psicanálise propõe o caminho oposto ao da performance e da onipresença: escutar o que de fato mobiliza o sujeito, reconhecer seus limites, sustentar a falta sem tentar anulá-la. Isso exige renúncia, exige dizer “não”. Mas é aí que o desejo pode emergir de forma mais autêntica — não para agradar o outro, mas para encontrar o que verdadeiramente faz sentido.

 

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