Como a Psicanálise Pode Ajudar a Melhorar a Autoestima

A autoestima é um aspecto central do nosso bem-estar psíquico, influenciando como nos percebemos, nos relacionamos e enfrentamos os desafios da vida. Na psicanálise, a autoestima é compreendida como um reflexo da relação entre o ego, o ideal do ego e as experiências emocionais que moldaram a subjetividade ao longo da vida. Quando a autoestima está fragilizada, pode haver um sofrimento emocional significativo, frequentemente relacionado a conflitos inconscientes que a psicanálise busca explorar e transformar.

Segundo Freud, a autoestima tem suas raízes na relação inicial do bebê com os cuidadores primários. O carinho, a validação e a presença emocional dos pais são fundamentais para que a criança desenvolva uma sensação de segurança e valor pessoal. Lacan complementa essa ideia ao enfatizar o papel do olhar do outro no "Estádio do Espelho", momento em que a criança começa a formar uma imagem de si mesma baseada em como é percebida e refletida pelos outros.

Quando essas experiências iniciais são marcadas por críticas excessivas, rejeição ou falta de acolhimento, podem surgir fissuras na autoestima. Essas marcas muitas vezes permanecem inconscientes, mas continuam a influenciar a maneira como o indivíduo se percebe, gerando sentimentos de inadequação, insegurança e autossabotagem.

A psicanálise oferece um espaço único para trabalhar questões de autoestima ao permitir que o indivíduo explore os conteúdos inconscientes que sustentam suas dificuldades emocionais. Algumas maneiras como a psicanálise pode ajudar incluem:

1. *Compreensão da Origem dos Conflitos*  
   No processo analítico, o paciente tem a oportunidade de revisitar suas primeiras experiências e compreender como elas moldaram sua percepção de si mesmo. Identificar padrões de pensamento e comportamento que sabotam a autoestima é um passo essencial para a mudança.

2. *Reconexão com Desejos Reprimidos*  
   Muitas vezes, uma baixa autoestima está ligada à repressão de desejos e necessidades legítimas, que foram negados em função das expectativas dos outros. Na análise, o paciente pode entrar em contato com esses desejos e começar a construir uma relação mais autêntica consigo mesmo.

3. *Elaboração de Críticas Internas*  
   A voz interna crítica, muitas vezes fruto da internalização de figuras parentais severas, é um dos maiores inimigos da autoestima. A análise permite que o paciente reconheça a origem dessa voz e aprenda a desafiá-la, substituindo-a por uma postura mais compassiva e compreensiva.

4. *Fortalecimento do Ego*  
   Através da análise, o paciente desenvolve um ego mais robusto, capaz de lidar melhor com frustrações e conflitos internos. Esse fortalecimento contribui para que ele se sinta mais seguro e confiante em suas habilidades e escolhas.

5. *Transformação da Relação com o Outro*  
   A relação com o analista, marcada pela transferência, oferece uma nova possibilidade de experimentar vínculos. Através desse relacionamento, o paciente pode vivenciar uma forma de aceitação e validação que, muitas vezes, não teve em sua história. Isso ajuda a reconfigurar sua percepção de si mesmo e de suas relações.

Na psicanálise, a autoestima não é vista como um estado fixo, mas como um processo em constante construção, influenciado pelas experiências e pela relação do indivíduo consigo mesmo e com os outros. Ao longo da análise, o paciente é convidado a reavaliar suas crenças sobre si mesmo e a abrir mão de narrativas que sustentam sua autodepreciação. Essa transformação não ocorre de forma imediata, mas gradualmente, conforme ele se torna mais consciente de sua subjetividade e mais conectado com sua singularidade.

Melhorar a autoestima é, antes de tudo, um ato de reconciliação consigo mesmo. Ao permitir que o inconsciente fale, a psicanálise ajuda o indivíduo a se libertar de amarras emocionais do passado, promovendo uma relação mais amorosa e verdadeira consigo mesmo. É nessa jornada de autodescoberta que reside o potencial de cura e crescimento, fortalecendo a autoestima de forma duradoura e significativa.

 

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